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A madrugada deste domingo (06) dificilmente sairá da lembrança dos moradores da cidade de Candeias, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Clientes de bar foram encurralados e baleados quando quatro homens perseguiam um rapaz que buscou abrigo no banheiro do estabelecimento. Apesar do cenário de terror – com poças de sangue no chão, no banheiro e atrás do balcão, além de marcas de tiros nas paredes, garrafas quebradas, objetos pessoais largados durante o pânico – não houve mortos. No entanto, 11 pessoas ficaram feridas, uma delas estaria em estado grave.
O ataque aconteceu no bar Altas Horas, que fica na Rua Paralela, no bairro de Nova Candeias. Inicialmente, todos os feridos foram atendidos no Hospital Municipal Ouro Negro, em Candeias. Das 11 atingidos, dois precisaram ser transferidos para o Hospital Geral de Camaçari (HGC) e dois para o Hospital do Subúrbio, em Salvador. As regulações foram em decorrências à complexidade dos ferimentos.
(Foto: Arisson Marinho) |
Entre as vítimas estão o filho da dona do bar, Railan dos Santos Reis, 19 anos, baleado quatro vezes, e o sobrinho dela, Jeanderson Tosta de Santana, 30, atingido na virilha. “Graças a Deus eles estão fora de perigo. Meu filho está internado em Camaçari, já passou por cirurgia e está tudo bem. Jeanderson já está em casa”, disse a dona do bar, Maine Célia dos Santos, 37.
Foram também baleados Mateus de Sena, 19, Elisângela das Neves da Silva, 28, Cleiton dos Santos Alves, 29, Anarailton dos Santos, 30, Elmari Santo Brás, 35, além de um homem e três mulheres não identificados. Não há informação sobre o estado de saúde deles.
Ataque
O ataque aconteceu por volta das 00h30. “Uma coisa horrível. A gente estava no bar, todo mundo conhecido, meu filho estava com os colegas dele na entrada do bar, quando desceram quatro homens atirando na rua. Todo mundo correu. Meu filho e os amigos dele foram atingidos porque estavam na frente. A gente que estava dentro, não teve nada”, contou Maine.
Segundo ela, um rapaz, que seria o alvo dos criminosos, se escondeu no banheiro do bar. “Ele entrou quando começaram a atirar na rua. Foi baleado no pé. E os caras vieram atrás dele, por isso que atirara contra o meu bar. Na certa, vieram seguido ele”, relatou a comerciante.
Apesar de o ataque ter acontecido nos primeiros momentos de domingo, o bar Altas Horas ainda estava com os rastros do crime nesta segunda-feira (07), no aguardo dos peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT). O chão estava coberto com poças de sangue, em alguns pontos já secas, misturadas as garrafas e copos quebrados, roupas e objetos pessoais.
Havia sangue concentrado também no banheiro, nas paredes e atrás do balcão, além de marcas de tiros nas paredes. Estojos das armas usadas pelos criminosos foram catados por populares e deixados sobre o balcão. Do lá de fora, as balas encontraram as paredes de casas do entorno. Assustados, os moradores disseram viver o pior dia de suas vidas. “Isso nunca aconteceu por aqui. Estamos aterrorizados. Eu estava no bar e sai uma hora antes de tudo isso acontecer. Estava sentado perto do balcão. Foi um livramento”, disso um morador.
((Foto: Arisson Marinho/CORREIO))
BDM
Segundo a Polícia Civil, o ataque foi ordenado pelo traficante Nailton Almeida dos Santos, o nove de Copas do Baralho do Crime – ferramenta usada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) para divulgar bandidos com mandando de prisão em aberto. “O ato foi uma vingança à morte de um comparsa, que também era compadre de Nailton, ocorrida na semana passada”, disse a delegada Maria das Graças Barreiros Barreto, titular em exercício da 20ª Delegacia (Candeias).
Nailton é o líder da facção Bonde do Maluco (BDM) do bairro Sarandi e resolveu vingar a execução a morte de Renato Pereira Alves, baleado por traficantes da rival Ordem e Progresso (OP), que domina o tráfico nas localidades de Dom Avelar e Nova Candeias, local do ataque desta madrugada. “Não houve discussão. Eles chegaram atirando, sem se importarem com inocentes. Já identificamos todos e estávamos só aguardando as vítimas terem alta, para então tomar os depoimentos e pedir mais uma vez prisão deles”, disse a delegada.
Ele é acusado de matar o antigo líder do grupo, conhecido como G Cabeção, asaassiando há quatros anos em Pernambuco. “Ele reuniu um grupo e foi até lá e matou o chefão para assumir a posição de liderança”, relatou a delegada. Nailton responde também pela tentativa de feminício contra a mulher de seu filho.
Ainda de acordo com a delegada, todos os acusados já respondem por diversos crimes, entre homicídios, tráfico de drogas e assalto, mas foram liberados pela justiça este ano logo após a pandemia.