No primeiro capítulo de uma série documental em quatro partes, o distrito de Itupeva, pertencente a Medeiros Neto, ganha voz através das memórias de Vazzinho Fernandes. Idealizado pelo próprio Vazzinho e produzido por Patrick Lira de Brito, o projeto, viabilizado pela Lei Federal Aldir Blanc, mergulha na história cultural e afetiva da localidade, registrando narrativas que correm o risco de se perder com o tempo. Com dois meses de produção, a obra se propõe a preservar e celebrar a identidade itupevense.
Vazzinho Fernandes conduz o espectador por uma jornada pessoal e coletiva, remontando às origens de sua paixão pela música e destacando figuras cruciais em seu caminho, como o amigo e incentivador Nildão Alves. Sua narrativa vai além da biografia, tocando na vida comunitária que outrora fervilhava em torno de manifestações culturais como o Boi Janeiro, as batucadas de tambor e as disputadas argolinhas, tradições que moldaram o ritmo social da região.
Um dos marcos históricos relembrados com nostalgia é a fundação do Arraiá do Chapéu Velho, em 1989, evento que se tornou símbolo de resistência e alegria para a comunidade. Vazzinho também evoca a efervescência esportiva do lugar, citando os diversos times de futebol que animavam os fins de semana e fortaleciam os laços entre os moradores.
Com um misto de carinho e melancolia, ele recorda o antigo clube social de Itupeva, espaço outrora pulsante de encontros e celebrações, que hoje se encontra em ruínas. A imagem do local desabado serve como metáfora potente para as transformações e perdas que acompanham o passar dos anos, realçando a importância do registro documental.
Além das tradições comunitárias, Vazzinho abre espaço para o afeto privado, mencionando com orgulho sua família – esposa, filhos e irmãos –, tecendo a história individual com os fios da história coletiva. Sua fala ressalta como a cultura local é perpetuada não apenas em grandes eventos, mas também no seio das relações familiares e de amizade.
O documentário é apenas a primeira de quatro partes, prometendo nas próximas edições ampliar o mosaico de vozes, com outros moradores compartilhando suas perspectivas. Com apoio da Secretaria de Cultura e colaboração de nomes como Joel Barbosa e Luiz Pavão e Chácaras Palmeira, a série se consolida como um valioso patrimônio imaterial, garantindo que a memória de Itupeva e seu povo continue a ecoar para as futuras gerações.
Da Redação do Liberdade Notícias


















