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Documentário “Vila Mutum: Memórias e Raízes” resgata a história do povoado através de seus moradores

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A Vila Mutum, pequeno povoado pertencente ao município de Medeiros Neto, a 37 km da sede, é agora protagonista de seu próprio registro histórico. O mini documentário “Vila Mutum: Memórias e Raízes”, idealizado e dirigido pela proponente e moradora Flavia Souza, acaba de ser finalizado, trazendo à tona as narrativas fundadoras e afetivas da comunidade através de quatro entrevistas profundas com seus residentes.
A produção, realizada com recursos da Lei Aldir Blanc e com total apoio da Secretaria de Cultura de Medeiros Neto, busca preservar a memória local antes que ela se perca no tempo.
O coração do documentário bate forte com o depoimento da senhora Jodiles Silveira, de 88 anos, uma das moradoras mais antigas e ainda residente na vila. Nascida em uma fazenda das proximidades antes mesmo da existência do povoado, Dona Jodiles testemunhou seu surgimento. Ela relata que a Vila Mutum nasceu da intervenção do Padre Frei Ronaldo, que, em parceria com Jorge Afonso, adquiriu e loteou as terras, vendendo os terrenos a preço simbólico para fixar as famílias que já amavam o local. Ativista religiosa, ela se orgulha de ter ajudado a catequizar mais de 80 crianças, tendo inclusive abrigado a primeira capela do lugar em sua própria fazenda.
A identidade cultural da vila ganha voz através de Laurindo Fernandes, o “Lau”. Reconhecido como o principal puxador de quadrilhas juninas na história local, Lau narra como o povoado não foi apenas seu lar, mas o palco onde encontrou amor, constituiu família e dedicou sua energia às tradições. Além de sua paixão pelas festas juninas, sendo um grande incentivador do “Arraiá da Vila Mutum”, ele também relembra seus tempos como destaque nos campos de futebol da região, pintando um retrato vívido da vida comunitária em décadas passadas.
Outro pilar da memória coletiva entrevistado é Geraldo Moreira, o “Geraldão”. Personagem conhecido e testemunha ocular dos primórdios, ele detalha a negociação que deu origem à vila, confirmando a compra das terras por Frei Ronaldo e a subsequente repassagem da tarefa de loteamento a Sebastião Alves. Sua trajetória se entrelaça com a cultura local, também como ativista dos eventos juninos, e com a vida política, tendo sido candidato a vereador em 2008, demonstrando o engajamento cívico que permeia a comunidade.
O olhar para o presente e o futuro da Vila Mutum é representado pelo vereador Berguinho Fonseca. Chegado ao povoado ainda criança, ele declara seu amor incondicional pelo lugar, onde criou seus quatro filhos ao lado da esposa Suzy, carinhosamente chamada de “primeira dama” da vila. Berguinho compartilha sua trajetória de persistência política, que culminou em sua eleição pelo partido MOBILIZA com 408 votos, e fala sobre seu trabalho na ASSOCOM, associação comunitária focada no desenvolvimento do agronegócio local, mostrando a evolução das lutas e organizações da comunidade.

Com produção executiva de Patrick Lira de Brito e direção de Flavia Souza, “Vila Mutum: Memórias e Raízes” é mais do que um documentário; é um ato de preservação e celebração. Ao dar voz a essas histórias pessoais que se confundem com a história coletiva, o filme fortalece os laços de identidade dos moradores e oferece ao público um registro sensível e autêntico da formação de um povoado do interior baiano, garantindo que a saga de sua fundação, seus costumes e seus personagens inesquecíveis permaneçam vivos para as gerações futuras.

Da Redação do Liberdade Notícias
Liberdade Notícias

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