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“Levar minha aula para o mundo virtual foi um dos meus maiores desafios enquanto educadora. Isso me incentivou a buscar uma pós-graduação na área em Psicologia Educacional para que eu pudesse auxiliar meus alunos que estavam com dificuldade de reter o conhecimento durante as aulas online”. Professora de Ciências, Tainana Rabelo, de 35 anos, sabe que esse caminho não tem volta.
A tendência é que se tenha várias modalidades de ensino convivendo ao mesmo depois da pandemia, como pontua a gerente pedagógica da Nova Escola, Ana Ligia Scachetti. A organização produz há 30 anos conteúdos sobre educação básica no país. “Ele [professor] precisa lidar com essa diversidade de situações, presenciais e remotas, com a heterogeneidade da turma e com um aluno cada vez mais protagonista”.
Não é só uma questão de domínio da tecnologia, como acrescenta um dos fundadores da Escola para Professores, Roda Escola, Nilton Júnior Martins:
“Antes a gente aceitou a forma de ensino da revolução industrial, uma educação regrada, passiva, quadrada e processual. Agora e depois da pandemia necessitamos de profissionais que foquem no lado humano: empatia, criatividade, conexão, prática, de diferentes formas”.
Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e líder do grupo de pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologia (GEC), Maria Helena Bonilla, a pandemia veio evidenciar as fragilidades na formação do professor e que são necessárias políticas públicas para que essa qualificação consistente, de fato, aconteça. “Não podemos culpabilizar o professor se ele não sabe lidar com as tecnologias, que sempre existiram. O que devemos resgatar é a sua função com uma formação crítica e ampla”.
A Bahia tem atualmente 108, 8 mil professores com alguma Licenciatura no currículo. Pouco menos da metade possui um curso de Especialização. Os números fazem parte da Sinopse Estatística da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). O coordenador de projetos da organização sem fins lucrativos Todos Pela Educação, Ivan Gontijo reconhece essas lacunas.