Iara Aparecida Lima Santos, de 33 anos, prestou esclarecimentos na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), de Teixeira de Freitas, na manhã desta segunda-feira, 18 de abril.
O caso
Ela é mãe da criança de 8 anos, que teria sido estuprada pelo pedreiro Edilson Vieira Dias, de 39 anos, encontrado morto por volta das 15h30 do último sábado, 16, no interior de uma cela no Conjunto Penal de Teixeira.
Edilson foi preso no dia 6 de abril, no bairro Teixeirinha, sob força de um mandado de prisão preventiva expedido pela 2ª Vara Criminal de Teixeira deFreitas, acusado de estupro de vulnerável. As vítimas seriam uma criança de 7 anos (filha de Iara) e outra menor de 10 anos (sobrinha da autora da denúncia).
O caso chegou à DEAM às 11h25 do dia 27 de janeiro, quando Iara disse ter flagrado o ex-marido acariciando as partes íntimas da filha. Ela confirmou seu depoimento em entrevista ao Sulbahianews na manhã desta segundafeira, 18, relatando que um dos filhos dormia e outro teria saído para comprar pão, e estranhou o silêncio na casa, ao chegar em um dos cômodos, teria flagrado o crime.
Ainda segundo Iara, Edilson teria negado o abuso, mas quando ele saiu para trabalhar, a mãe questionou a filha sobre o que teria ocorrido, e a criança contou que teria sido abusada outras vezes, inclusive com sexo oral. Iara reafirmou a denúncia e ressaltou que flagrou o crime.
A mãe contou ainda, que foi incialmente convencida de que o ato não seria estupro, por não ter havido conjunção carnal, ao contrário do que diz a Lei nº 12.015, referente ao estupro. Ela disse à polícia que uma irmã do pedreiro, juntamente com a defesa do acusado, teriam lhe forçado a gravar o vídeo que viralizou nas redes sociais, desmentindo a denúncia e inocentando Edilson.
O vídeo foi gravado antes, mas só foi divulgado após a morte do pedreiro, que está sendo tratada pela polícia como homicídio. Iara entregou na delegacia, conversas que teriam tido com a irmã do pedreiro e o advogado, onde alega ter sido forçada, “eles falaram que se ele caísse no presídio a culpa ia ser minha, que se matassem ele a culpa ia ser minha” .
Ao Sulbahianews, o advogado Lucas Machado, disse que foi procurado por Iara após a prisão de Edilson para tentar esclarecer o caso. Ele apresentou à Reportagem, a conversa em um aplicativo de mensagens, onde foi procurado por Irara que escreve, ‘Não foi bem assim não’ , ‘não houve estupro não’ .
Lucas destacou que agiu dentro da prerrogativa de defesa, quando Iara teria lhe procurado e perguntado o que poderia ser feito para esclarecer o caso. Iara disse que após a repercussão do vídeo, passou a receber ameaças de morte e precisou sair de casa temendo pela sua vida, por isso procurou a delegacia.
A delegada titular da DEAM, Viviane Scofield, também conversou com o Sulbahianews e disse em entrevista, que não há dúvidas sobre a autoria do crime. “É bom esclarecer, que a delegada por ser mulher, não pede uma prisão preventiva pelo simples fato de uma mulher chegar aqui e fazer a denúncia de um suposto crime. Há uma investigação, e a gente tem responsabilidade no trabalho, de todos os depoimentos coadunarem com a prática do crime” , destacou. Além de Edilson, Iara, familiares e as vítimas, a delegada ouviu outras duas crianças que relataram ter presenciado os atos libidinosos praticados pelo pedreiro. “O estupro não é apenas o sexo vaginal ou anal, é falta de conhecimento juridico, a lei entende que o crime de estupro também é considerado pelo sexo oral e masturbação, que foi o que as crianças relataram” , disse a delegada.
A Dra. Viviane também contou, que a segunda criança (sobrinha da Iara), não teve condições psicológicas de prestar depoimento, pois chorava muito e também não teve condições de fazer o exame sexológico, sendo necessário o encaminhamento a psicólogos para colher a oitiva.
A delegada explicou também, que a DEAM não tem responsabilidade de custodiar presos, “a partir do momento que se encaminha o preso para a carceragem da Delegacia Territorial, lá se tomam as providências de se encaminhar ou não para o presídio. Não temos poder e responsabilidade sobre esse encaminhamento e sobre essa custódia de presos” . Referente ao pedido de prisão preventiva, a Dra. Viviane destacou que a prisão preventiva é pedida quando não há dúvidas sobre a autoria, tendo ainda o trâmite via Justiça que dá vista ao Ministério Público para que se manifeste, só então, a Justiça decide por expedir o pedido, “são três outros órgãos envolvidos, não apenas a DEAM” .
A delegada lamentou a morte do acusado e disse que o que se espera como operadora do Direito, é que o acusado seja processado e sentenciado mediante as provas e não que ele seja morto.
A delegada adiantou que a DEAM está apurando os comentários na internet após a divulgação do vídeo da Iara, caracterizando apologia e incitação ao crime. Todo o material está sendo analisado pela polícia.
Fonte: Sul Bahia News